Entrevista com Prof. José Luis Santana: "COVID-19 e os seus impactos no campo da educação”.
Em tempos de Pandemia, causada pelo novo Coronavírus, um número expressivo de escolas em nosso Estado e em todo o país sofreram impactos em suas atividades. Para sanar e/ou amenizar tais impactos, escolas e educadores tiveram que se adequar a uma nova realidade: “Aulas não presenciais”. Neste contexto é que entrevistamos (à distância) o Professor José Luis Santana, professor do Colégio Professora Eliacena Moura Leitão em Novo Acordo-TO.
"Na verdade o ensino remoto é um privilégio para poucos..."
(Prof. José Luis)
Pedro Henrique - Como a pandemia do Covid-19 afetou sua vida?
Professor José Luis - Afetou-me mais do que eu imaginei ser afetado, tudo isso porque o mundo mudou, e aquele mundo (de antes da pandemia) não existe mais. A nossa vida vai mudar muito daqui pra frente. Fomos obrigados a entender e entrar nessa nova dinâmica social, que vai transformar as relações interpessoais, o modo de trabalho. Profissionalmente falando sofri bastante no início, teve momento que pensei e me sentir inútil, incapaz, fui afetado principalmente com respeito a saúde mental. O quanto esse tempo de pandemia tem me feito refletir sobre o curso que escolhi e minha formação. Estou sentindo na pele o quanto o professor precisa ser flexível, criativo e em vários momentos se desdobrar para exercer a profissão.
Pedro Henrique - Como está sendo realizar seu trabalho na pandemia?
Professor José Luis - Tem sido um desafio, pessoal e profissionalmente. Ser professor durante a pandemia tem sido um exercício de superação, foi necessário me reinventar. Entende-se que esse modelo de ensino é uma mudança que afeta tanto para alunos quanto professores, me refiro olhando a nossa realidade, nós aqui do interior do Estado do Tocantins.
Pedro Henrique - Você acha que a EAD (Educação a Distância) está contribuindo com o ensino dos estudantes na pandemia?
Professor José Luis - Na verdade eu tenho um posicionamento bem firme com respeito a esse tipo de ensino, a EAD é o ensino que aproxima dar oportunidade de acesso a muitos, mas levando em consideração nossa realidade não é viável, entendo que o ensino EAD exige uma estrutura, que não temos. A maioria dos nossos alunos não tem acesso a uma internet de qualidade, portanto compromete a qualidade dessa modalidade de ensino. Mas, também entendo que estamos refém do ensino remoto, justamente porque é o que temos, é uma forma de não prejudicar nossos alunos. Mas como contribuição é essa, tem evitado um atraso para os alunos, mas poucos alunos têm aprendido. Quem já tinha facilidade antes da pandemia, vai ter facilidade para ler o material e compreender, mas, os que têm dificuldade, e esse não tem tido a presença do professor, não tem uma vídeo aula do seu professor para auxiliar vai ter uma dificuldade ainda maior. Na verdade o ensino remoto ele é um privilégio para poucos, pois os mais afetados são os alunos, porque houve uma transposição do ensino presencial para o ensino remoto, na pratica tivemos alunos sobrecarregados de atividades e devemos nos preocupar. Mas apesar desse ponto, compreendo que o ensino remoto é, justamente, para manter o vínculo escolar e frear a evasão em massa.
Pedro Henrique - Como você está encarando essa nova realidade, e como está a sua relação como o trabalho durante a pandemia?
Professor José Luis - A rotina de todos teve que ser mudada, e formulada para um novo contexto de educação, porém houve uma dificuldade à adaptação a esse novo estilo e ritmo. Mas tem sido difícil o trabalho para que não encerre, mas tenho aproveitado esse período para estudos.
Pedro Henrique - Levando em consideração essa nova realidade que estamos vivenciando, que mensagem de conscientização você deixa a todos os estudantes, professores e demais?
Professor José Luis - Cuidem de sua saúde mental, ela é tão importante quanto à saúde física. Não se cobre tanto, cheguei a um ponto que eu travei, não conseguia produzir. Essa pandemia me ensinou uma coisa, a gente não é o que a gente quer ser, a gente é o que a gente consegue ser, eu tenho sido o que eu consigo ser nessa pandemia como professor. (fim)
Entrevistador
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