O Cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul,
ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional. A sua
área contínua incide sobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São
Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. Neste
espaço territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias
hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o
que resulta em um elevado potencial aquífero e favorece a sua biodiversidade.
Considerado como um hotspots mundiais de biodiversidade,
o Cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas e sofre uma
excepcional perda de habitat. Do ponto de vista da diversidade biológica, o
Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando
11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. Existe uma grande
diversidade de habitats, que determinam uma notável alternância de espécies
entre diferentes fitofisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos são
conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de
peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são
elevados. O número de peixes endêmicos não é conhecido, porém os valores são
bastante altos para anfíbios e répteis: 28% e 17%, respectivamente. De acordo
com estimativas recentes, o Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das
abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.
Além dos aspectos ambientais, o Cerrado tem
grande importância social. Muitas populações sobrevivem de seus recursos
naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos,
babaçueiras, vazanteiros e comunidades quilombolas que, juntas, fazem parte do
patrimônio histórico e cultural brasileiro, e detêm um conhecimento tradicional
de sua biodiversidade. Mais de 220 espécies têm uso medicinal e mais 416 podem
ser usadas na recuperação de solos degradados, como barreiras contra o vento,
proteção contra a erosão, ou para criar habitat de predadores naturais de
pragas. Mais de 10 tipos de frutos comestíveis são regularmente consumidos pela
população local e vendidos nos centros urbanos, como os frutos do Pequi
(Caryocar brasiliense), Buriti (Mauritia flexuosa), Mangaba (Hancornia
speciosa), Cagaita (Eugenia dysenterica), Bacupari (Salacia crassifolia),
Cajuzinho do cerrado (Anacardium humile), Araticum (Annona crassifolia) e as
sementes do Barú (Dipteryx alata).
Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, de
todos os hotspots mundiais, o Cerrado é o que possui a menor porcentagem de
áreas sobre proteção integral. O Bioma apresenta 8,21% de seu território
legalmente protegido por unidades de conservação; desse total, 2,85% são
unidades de conservação de proteção integral e 5,36% de unidades de conservação
de uso sustentável, incluindo RPPNs (0,07%).
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